Aquivo do autor: Pedro Magalhães

Eurosondagem, 5 Nov, N=1005, Tel.

Nova sondagem, desta vez da Eurosondagem, medindo intenções de voto e avaliações da actuação dos líderes político-partidários. Impacto reduzido nas nossas estimativas:
PS: 36,5% (+0,2)
PSD: 26,5% (-0,4)
CDU: 12,3% (-0,4)
CDS-PP: 7,5% (+0,1)
BE: 6,4% (-0,2)

Leituras possíveis de médio prazo:
* Tendo subido continuamente nas intenções de voto até ao final de 2012, o PS esteve depois relativamente estável em torno dos 34% até Maio de 2013 (“TSU dos reformados). A partir daí, voltou a subir lentamente.
* Depois da queda de Setembro de 2012 (“TSU”), em que passou para 2º lugar nas intenções de voto, o PSD continuou a descer até Julho de 2013 (“crise política”), chegando ao seu mínimo (25%). Teve a partir daí uma ligeira recuperação, mas já voltou a perder parte do que tinha recuperado.
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* Depois da subida da CDU ao longo de quase toda a legislatura, os seus resultados estão estáveis desde Junho passado em torno dos 12%.
* Depois de ter chegado a um máximo de 9% no início do ano de 2013, o BE tem descido, especialmente desde a crise política de Julho.
* Depois de ter chegado a um máximo de 9% em Maio/Junho de 2013, o CDS tem também descido desde a crise política de Julho.
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Notas de 0 a 20:
Aníbal Cavaco Silva: 6,1 (-0,1)
Pedro Passos Coelho: 3,3 (-0,3)
António José Seguro: 9,8 (=)
Jerónimo de Sousa: 10,8 (-0,2)
Paulo Portas: 6,3 (-0,2)
João Semedo e Catarina Martins: 9,5 (-0,1)

Marktest, 25 Outubro, N=803, Tel.

Uma nova sondagem com intenções de voto em legislativas e avaliação da actuação dos principais líderes políticos. As intenções de voto:
PS: 35,8%
PSD: 26,2%
CDU: 16,6%
BE: 5,5%
CDS-PP: 2,3%

A nossa estimativa, usando a informação desta e das restantes sondagens (entre parêntesis, comparação com resultados da anterior estimativa):
PS: 36,3% (=)
PSD: 26,9% (+0,1)
CDU: 12,7% (+0,7)
CDS-PP: 7,4% (-0,5)
BE: 6,6% (-0,2)

Evolução e intervalos de confiança, assim como tendências na avaliação dos líderes políticos, podem ser consultados aqui.

Buzz e sentimento no POPSTAR em 2013

Se a crise política de Julho foi uma reacção de Paulo Portas à relativa marginalização do CDS na coligação, esse problema parece estar resolvido, pelo menos do ponto de vista da notoriedade pública. Portas, também com a ajuda do “guião da reforma do estado”, vem consolidando a sua posição como segunda figura política sobre a qual há mais buzz online no país. Na twittosfera e na blogosfera, essa segunda posição já é uma realidade pelo menos desde Maio passado, com a controvérsia da “TSU dos pensionistas”. Nas notícias online, é com a demissão de Julho que Portas chega ao 2º lugar, para não mais o deixar. Aliás, para os utilizadores do Twitter, o buzz gerado em torno de Portas começa a ameaçar o do próprio líder do PSD e Primeiro Ministro.
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Contudo, como sabemos, ser-se mencionado na twittosfera não é necessariamente ser-se mencionado numa luz positiva. Pelo contrário. O rácio entre menções positivas e negativas, que durante muito tempo teve Passos Coelho na posição mais desfavorável de todas, tem hoje em dia Paulo Portas numa posição tão negativa como a do Primeiro Ministro. E de todas as menções negativas, mais de um terço vão sendo dirigidas ao líder do CDS, quase tantas como as que são feitas sobre Passos Coelho.
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Em comparação com este aumento de notoriedade e hostilidade em relação ao líder do CDS-PP, António José Seguro vem passando relativamente despercebido, especialmente desde meados de Setembro. Se isto é “bom” ou “mau” é algo que não estamos (ainda) em condições de dizer, mas esperamos estar em breve quando começarmos a comparar estas séries com as da popularidade tal como medida nas sondagens (se bem que, no caso de António José Seguro, essa série gere as suas próprias perplexidades).

Em comparação com estas três figuras, as lideranças do BE e do PCP parecem praticamente não existir no espaço público, especialmente no caso da twittosfera e da blogosfera:
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Em consequência, é também sobre em relação a eles que o rácio entre menções positivas e negativas no Twitter é menos desfavorável:
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O que, curiosamente, tem um paralelismo na avaliação da sua actuação nas sondagens:
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Num contexto como o actual, crise económica, polarização política e hostilidade em relação aos políticos e aos partidos, de que é feita a “popularidade”? De alguma indiferença, dir-se-ia…

Pitagórica, 19 Out., N=506, Tel.

Uma nova sondagem, aqui (o título da notícia está errado, dando 37,6% ao PS):

Intenções de voto:
PS: 36,7%
PSD: 23,7%
CDU: 13,2%
CDS-PP: 8,6%
BE: 6,6%
OBN: 11,2%

As nossas estimativas, calculadas da maneira já explicada, são as seguintes (entre parêntesis, evolução em relação a 8 de Outubro):

PS: 36,3% (+0,1)
PSD: 26,8% (-0,9)
CDU: 12% (+0,1)
CDS-PP: 7,9% (+0,1)
BE: 6,8% (=)

Logo, a nova informação acrescentada não sugere grandes mudanças, a não ser em relação ao PSD, começando a mostrar sinais de inversão da recuperação que o principal partido do governo vinha experimentando desde a crise política de Julho passado. O PSD já só está 1,7 pontos acima do seu mínimo em intenções de voto desde as eleições de 2011 (que foi de 25,1% no início de Julho de 2013). 26,8% representaria também, para o partido, caso fosse este um verdadeiro resultado eleitoral, o valor mais baixo desde 1976. A evolução das intenções de votos desde as últimas eleições legislativas pode ser vista aqui.

Paulo Portas no POPSTAR

Previsivelmente, entre os líderes político-partidários, Paulo Portas dominou o buzz de ontem, dominância particularmente acentuada no Twitter e nas notícias (mas curiosamente menos nos blogues):
buzz 13 outubro

No “sentimento” do Twitter (opiniões positivas, negativas ou neutras), a prova de uma quase invariável regularidade: quantas mais menções no Twitter cuja polaridade se consiga medir como positiva ou negativa, mais acentuada a sua negatividade. Apesar do smoother (por definição e da maneira como está calculado) não mostrar isso ainda, pode ver-se nos pontos do gráfico como o (log do) rácio entre menções positivas e negativas para Portas foi particularmente negativo ontem e como o vice-Primeiro Ministro foi objecto de mais de 70% de todas as menções negativas feitas a todos os líderes partidários.
sentimento portas 13 outubro

Contudo, esta linha só começará a inclinar-se decisivamente para baixo (no rácio) ou para cima (no share de menções negativas) se este padrão tiver continuidade nos próximos dias. Como se vê nos gráficos de mais longo prazo, essas mudanças mais permanentes não se manifestam com muita frequência. O sentimento no Twitter em relação a Portas degrada-se em Julho de 2013 (com diminuição do rácio positivas/negativas e aumento do share de menções negativas) mas volta a subir (rácio) e descer (share) a partir de Agosto, de resto, como sucedeu, afinal, na avaliação da sua actuação nas sondagens.

portas sentimento desde 2011

Nova sondagem e actualização do POPSTAR

Nova sondagem divulgada hoje pelo Expresso:
Eurosondagem, 2-8 Outubro, N=1010, Tel.
PS: 36,5%
PSD: 26.9%
CDU: 12.1%
CDS: 8.6%
BE: 5.9%

Em relação à última sondagem conhecida (a da Aximage), o PSD desce, apesar de subir em relação ao anterior resultado da Eurosondagem. O resultado é que, no fundamental, a nossa estimativa para o PSD permanece praticamente inalterada. O mesmo sucede com o CDS, que também desce em relação à Aximage mas sobe em relação ao último estudo da Eurosondagem. Na popularidade, a única mudança mais expressiva é a descida de Passos Coelho.

Desde a crise política de Julho, o que sucedeu no nosso filtro?

1. PSD subiu 2.1 pontos, de 25.6% para 27.7%.
2. CDS desceu 1.2 pontos, de 9% para 7.8%.
3. PS subiu 1.3 pontos, de 34.9% para 36.2%.
4. CDU manteve-se praticamente inalterado (de 12.2% para 11.9%).
5. BE desceu 1.6 pontos, de 8.4% para 6.8%.

Na popularidade, tudo relativamente estável nos últimos meses, excepto Paulo Portas: queda abrupta após a crise política mas sinais de recuperação desde o início de Setembro.

Muitas leituras para fazer

A lista de leituras de ciência política recomendadas relacionadas com o que estamos a fazer no POPSTAR aumenta drasticamente: New Directions in Analyzing Text as Data, uma conferência recente na LSE (onde a Nina também esteve). Particularmente apelativo (para mim): “Predicting and Interpolating State-level polling using Twitter textual data”, de Nick Beauchamp (uma pessoa diz que não está necessariamente interessada no Twitter como instrumento de previsão mas depois vai-se a ver e não resiste).

Ironias

Os “pequenos partidos” – vamos deixar aqui de lado o CDS-PP, por fazer parte da coligação de governo – queixam-se com frequência da baixa atenção que recebem da comunicação social, e há toda uma parafernália de decisões de várias entidades (ERC, CNE, etc.) que tratam o assunto e visam, de alguma forma (bem ou mal é outra questão), reequilibrar o campo de jogo comunicacional.

Uma hipótese seria a de pensar que os media sociais, por não estarem sujeitos ao mesmo tipo de lógicas, e por serem utilizados por um segmento não representativo da população – menos “mainstream”, mais politizado, mais atreito a ideias “na margem”, etc. – poderiam ajudar a compensar o desequilíbrio de visibilidade dos pequenos partidos nos media convencionais. É por isso que estes gráficos que se seguem são tão curiosos:

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Catarina Martins e João Semedo são em regra – e em relação aos restantes líderes partidários – mais mencionados nas notícias online dos órgãos de comunicação social do que no Twitter ou nos blogues. O mesmo sucede, com menor disparidade, com Jerónimo de Sousa. Ainda por cima, como veremos nos próximos tempos, ser-se mencionado no Twitter significa na maioria dos casos (e sempre que essas menções têm uma polaridade positiva ou negativa) ser-se negativamente mencionado (apesar de isso ser menos dramaticamente acentuado nestes casos do que nos dos líderes dos maiores partidos).

Em suma, as lideranças do BE e do PCP têm comparativamente mais visibilidade nos órgãos de comunicação convencionais (mesmo que online) do que na twittosfera ou na blogosfera. E ainda por cima, podemos dizer com alguma segurança que, pelo menos no caso da twittosfera, as poucas vezes que lá são mencionados é, na maioria das vezes que se transmite uma opinião, para dizer mal deles. Irónico, não?