Arquivo mensal: Setembro 2014

Seguro e Costa nos media online e no Twitter

Um aspecto curioso da cobertura das primárias do PS nos meios de comunicação social diz respeito à presença de cada um dos candidatos na televisão. Na base dos dados da Marktest, Seguro teve sistematicamente mais tempo de antena que Costa em Junho, Julho e Agosto. Como é evidente, não sabemos exactamente o que isso significa numa desagregação entre notícias sobre os candidatos e a sua presença em discurso directo, e muito menos em termos do tom dessa cobertura, positivo ou negativo. Mas o maior protagonismo de Seguro na televisão é claro.

O que se passa na imprensa escrita e nos media sociais? É aqui que o POPSTAR pode ajudar.

1. Recorrendo ao serviço Verbetes e Notícias do Labs Sapo, é possível detectar o número de menções a um e outro candidatos em mais de 60 fontes noticiosas online portuguesas. O gráfico abaixo mostra a frequência relativa, por dia, com que Seguro e Costa foram mencionados nos meios de comunicação online, e ajusta linhas de tendência.

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Em geral, ao contrário do que se passou na televisão e apesar de grandes variações diárias e algumas mudanças ao longo do tempo, Seguro e Costa foram mencionados nos media online com frequência muito semelhante ao longo dos últimos meses. Costa chegou a ter alguma vantagem, mas chegam ao final da campanha com igual visibilidade nos media escritos online.

2. Já no Twitter e nos blogues, o padrão é bastante diferente. Recorrendo à plataforma do POPSTAR e à sua capacidade para detectar e filtrar automaticamente entidades em textos (plataforma essa que já ganhou uma competição internacional em 2013 por ter sido a mais precisa), podemos medir a frequência com que Seguro e Costa foram mencionados nos blogues e no Twitter. Os dados mostram que, pouco tempo depois de ter lançado a sua candidatura, Costa passou a ser mencionado com muito mais frequência que Seguro quer na blogosfera quer na twittosfera, com um rácio que chegou a estar próximo do 2 para 1.

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3. Mas mencionado a que propósito, e especialmente com que tom: positivo ou negativo? Sabemos da análise das menções aos líderes partidários que, pelo menos no Twitter, o sentimento associado às menções de líderes políticos é só muito raramente positivo, prevalecendo as menções “neutras” (informativas, sem polaridade associada) ou, especialmente, negativas. Aqui não é excepção. No próximo gráfico, mostramos o chamado Wilson score: a estimativa com base nos nossos dados, com 95% de confiança, da proporção “real” mínima de menções negativas feitas a cada um dos candidatos em relação ao total.

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Os resultados são muito claros: quando se fala de Costa ou Seguro na twittosfera, é na esmagadora maioria dos casos com um sentimento negativo associado. As redes sociais não servem para dizer bem. Mas ao longo dos últimos meses, especialmente desde meados de Julho, isso é especialmente verdade para Costa.

Outra maneira de olharmos para os resultados é através do rácio entre menções positivas e negativas a cada um dos candidatos. O desfasamento entre menções positivas e negativas é tão grande que a escala tem de ser logarítmica:

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Inicialmente, até meados do mês de Junho, este rácio é mais negativo (mais desfavorável) para Seguro. Mas a partir daí, o discurso sobre Seguro torna-se (comparativamente) algo menos negativo ao passo que Costa passa a ser objecto de muitas menções negativas em relação a positivas.

Uma última maneira de olhar para estes dados é mostrada no gráfico seguinte, que mostra que proporção da totalidade de menções negativas feitas a ambos os candidatos é dirigida em relação a cada um deles. Aqui, a mudança a partir do momento em que Costa avança com a sua candidatura é ainda mais expressiva. Da totalidade das menções negativas feitas aos dois candidatos, Costa absorve a maior parte, tendo chegado a cerca de 2/3. Só a partir do início de Setembro se nota uma ligeira inflexão na twittosfera, mas Costa continua a concentrar a maior parte da atenção negativa dos utilizadores portugueses do Twitter.

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O que quer dizer tudo isto? Não se sabe bem. Há quem tenha sugerido em vários estudos – aqui o exemplo mais conhecido – que a visibilidade de um candidato na twittosfera é um bom preditor de resultados eleitorais. Isto seria uma boa notícia para Costa, e indicaria que o “buzz” sobre os candidatos nas redes sociais é mais relevante deste ponto de vista do que o “buzz” nos meios de comunicação social “convencionais”, televisão ou imprensa escrita. Por outro lado, a maior concentração de menções negativas em Costa indica, pelo menos, que o candidato não desperta, longe disso, apenas aprovação entre os eleitores. Mas quem segmento do eleitorado é que os utilizadores do Twitter representam? E a sua “negatividade” significa o quê, quando se trata de exprimir preferências políticas e votar? Estas questões continuam em aberto.

Entretanto, a informação está aqui, na secção Primárias PS do POPSTAR. Explorem e divirtam-se.