Seguro e Costa nos media online e no Twitter

Um aspecto curioso da cobertura das primárias do PS nos meios de comunicação social diz respeito à presença de cada um dos candidatos na televisão. Na base dos dados da Marktest, Seguro teve sistematicamente mais tempo de antena que Costa em Junho, Julho e Agosto. Como é evidente, não sabemos exactamente o que isso significa numa desagregação entre notícias sobre os candidatos e a sua presença em discurso directo, e muito menos em termos do tom dessa cobertura, positivo ou negativo. Mas o maior protagonismo de Seguro na televisão é claro.

O que se passa na imprensa escrita e nos media sociais? É aqui que o POPSTAR pode ajudar.

1. Recorrendo ao serviço Verbetes e Notícias do Labs Sapo, é possível detectar o número de menções a um e outro candidatos em mais de 60 fontes noticiosas online portuguesas. O gráfico abaixo mostra a frequência relativa, por dia, com que Seguro e Costa foram mencionados nos meios de comunicação online, e ajusta linhas de tendência.

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Em geral, ao contrário do que se passou na televisão e apesar de grandes variações diárias e algumas mudanças ao longo do tempo, Seguro e Costa foram mencionados nos media online com frequência muito semelhante ao longo dos últimos meses. Costa chegou a ter alguma vantagem, mas chegam ao final da campanha com igual visibilidade nos media escritos online.

2. Já no Twitter e nos blogues, o padrão é bastante diferente. Recorrendo à plataforma do POPSTAR e à sua capacidade para detectar e filtrar automaticamente entidades em textos (plataforma essa que já ganhou uma competição internacional em 2013 por ter sido a mais precisa), podemos medir a frequência com que Seguro e Costa foram mencionados nos blogues e no Twitter. Os dados mostram que, pouco tempo depois de ter lançado a sua candidatura, Costa passou a ser mencionado com muito mais frequência que Seguro quer na blogosfera quer na twittosfera, com um rácio que chegou a estar próximo do 2 para 1.

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3. Mas mencionado a que propósito, e especialmente com que tom: positivo ou negativo? Sabemos da análise das menções aos líderes partidários que, pelo menos no Twitter, o sentimento associado às menções de líderes políticos é só muito raramente positivo, prevalecendo as menções “neutras” (informativas, sem polaridade associada) ou, especialmente, negativas. Aqui não é excepção. No próximo gráfico, mostramos o chamado Wilson score: a estimativa com base nos nossos dados, com 95% de confiança, da proporção “real” mínima de menções negativas feitas a cada um dos candidatos em relação ao total.

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Os resultados são muito claros: quando se fala de Costa ou Seguro na twittosfera, é na esmagadora maioria dos casos com um sentimento negativo associado. As redes sociais não servem para dizer bem. Mas ao longo dos últimos meses, especialmente desde meados de Julho, isso é especialmente verdade para Costa.

Outra maneira de olharmos para os resultados é através do rácio entre menções positivas e negativas a cada um dos candidatos. O desfasamento entre menções positivas e negativas é tão grande que a escala tem de ser logarítmica:

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Inicialmente, até meados do mês de Junho, este rácio é mais negativo (mais desfavorável) para Seguro. Mas a partir daí, o discurso sobre Seguro torna-se (comparativamente) algo menos negativo ao passo que Costa passa a ser objecto de muitas menções negativas em relação a positivas.

Uma última maneira de olhar para estes dados é mostrada no gráfico seguinte, que mostra que proporção da totalidade de menções negativas feitas a ambos os candidatos é dirigida em relação a cada um deles. Aqui, a mudança a partir do momento em que Costa avança com a sua candidatura é ainda mais expressiva. Da totalidade das menções negativas feitas aos dois candidatos, Costa absorve a maior parte, tendo chegado a cerca de 2/3. Só a partir do início de Setembro se nota uma ligeira inflexão na twittosfera, mas Costa continua a concentrar a maior parte da atenção negativa dos utilizadores portugueses do Twitter.

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O que quer dizer tudo isto? Não se sabe bem. Há quem tenha sugerido em vários estudos – aqui o exemplo mais conhecido – que a visibilidade de um candidato na twittosfera é um bom preditor de resultados eleitorais. Isto seria uma boa notícia para Costa, e indicaria que o “buzz” sobre os candidatos nas redes sociais é mais relevante deste ponto de vista do que o “buzz” nos meios de comunicação social “convencionais”, televisão ou imprensa escrita. Por outro lado, a maior concentração de menções negativas em Costa indica, pelo menos, que o candidato não desperta, longe disso, apenas aprovação entre os eleitores. Mas quem segmento do eleitorado é que os utilizadores do Twitter representam? E a sua “negatividade” significa o quê, quando se trata de exprimir preferências políticas e votar? Estas questões continuam em aberto.

Entretanto, a informação está aqui, na secção Primárias PS do POPSTAR. Explorem e divirtam-se.

Nova sondagem: Pitagórica, 24 fev-1mar, N=506, Tel.

Está aqui. A notícia pode gerar alguma confusão quando confrontada com os dados. Fala-se sempre de “descida da oposição”, mas na verdade, quem desce na sondagem é o PCP e o BE. O PS não se move. Consequências no agregador do POPSTAR são poucas, tendo em conta que estamos a agregar muita informação anterior e esta sondagem tem uma amostra pequena. Mas mesmo assim, reflectem-se aqui as tendências gerais:

1. A CDU desce lentamente desde o final de 2013.
2. CDS, depois da queda causada pela crise política de Julho, está relativamente estável desde finais do ano passado.
3. PSD beneficiou após a crise política de Julho com a queda do CDS, voltou a descer ligeiramente no final de 2013 mas está relativamente estável desde então.
4. PS está estável desde início de 2014. A mais longo prazo, pode dizer-se que tem vindo a subir, muito devagar. Tinha 34,8% em Julho e está com 37,1%, o seu máximo desde das eleições.
5. O BE está estável desde finais de 2013 mas, a mais longo prazo, está 3 pontos abaixo do seu máximo na legislatura (foi há mais de 1 ano, em Janeiro de 2013).

Actualmente:
PS: 37,1% (+0,1)
PSD: 26,9% (+0,5)
CDU: 10,9% (-0,1)
CDS: 7,6% (+0,1)
BE: 6,3% (-0,4)

Seguro: a twittosfera agita-se.

Interessante o que se passa com António José Seguro por estes dias. Com o smoothing mais sensível, e no gráfico que mede a proporção relativa de menções negativas no Twitter (em relação ao total de menções negativas a todos os líderes), Seguro está num pico de notoriedade negativa, semelhante ao de Abril de 2013 (por altura da formação das listas para a Comissão Nacional, excluindo os “socráticos”) e apenas inferior ao que teve no final de Janeiro de 2013 (por altura da “aventura” de António Costa).
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A mesma coisa se passa quando medimos notoriedade “pura” (simplesmente a proporção de menções, positivas, negativas ou neutras), o que não surpreende: notoriedade no Twitter é fundamentalmente notoriedade negativa:
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Pitagórica, 20-24 janeiro, N=506, Tel.

Uma nova sondagem, aqui. A evolução das nossas estimativas de intenção de voto:

PS: 37,1% (+0,1)
PSD: 26,8% (-0.2)
CDU: 11,2% (+0,1)
CDS-PP: 7,5% (=)
BE: 6,6% (=)

Como não poderia deixar de ser, para um agregador de sondagens como o nosso e com uma amostra de 500 inquiridos, a nova sondagem não causa grandes mudanças. Mas a vantagem do PS sobre o PSD (10,3 pontos) é a maior desde Junho de 2011. A vantagem do PS sobre a CDU (25,9 pontos) é também a maior desde esse momento. Somados, os partidos de esquerda têm 54,9%. Não é o máximo desde 2011 (isso foi em Novembro passado) mas anda lá perto, e representa um aumento de 13,8 pontos percentuais em relação aos resultados das eleições de 2011. O CDS está muito perto dos mínimos nesta legislatura (que foram de 7,4%). Para o PSD, que já chegou a ter 25,1% (logo antes da crise política de Julho de 2013), estes resultados são menos assustadores, sem chegarem contudo a ser muito encorajadores. Somados, os partidos do governo têm 34,3%, menos 20 pontos que as melhores sondagens que já tiveram neste legislatura e menos 16 pontos que nas eleições de 2011.

Desculpem bater assim na tecla, mas há uma dissonância, que não posso deixar de assinalar, entre o que as sondagens dizem sobre a opinião pública e aquilo que na opinião publicada se vai dizendo sobre o tema. O que não quer dizer que isto não mude num sentido ou noutro no futuro próximo. Mas o presente é isto.

2013 no POPSTAR

1. Depois de ter ultrapassado o PSD em intenções de voto em Setembro de 2012 (TSU), o PS iniciou o ano com cerca 5 pontos de vantagem sobre o PSD em intenções de voto (34% contra 29%). Termina o ano de 2013 com cerca de 9 pontos de vantagem (36% contra 27%). O novo impulso na intenções de voto no PS (e correspondente início de novo declínio nas intenções de voto no PSD) ocorreu no início de Maio de 2013, e coincidiu com o anúncio do pacote que incluía a convergência CGA/SS, pensão completa só aos 66 anos, 40 horas semanais na função pública e dispensa de 30 mil funcionários do Estado. Contudo, a progressão de um e o declínio de outro não foram lineares a partir daí. O PSD, que chegou a estar nos 25%, experimentou uma ligeira recuperação desde a crise política de Julho, com a demissão de Gaspar e Portas, a recusa de Passos Coelho em aceitar a demissão de Portas, e a mudança na orgânica do governo.

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2. A CDU consolidou o seu domínio entre os “pequenos partidos”, tendo hoje mais de 5 pontos de vantagem sobre o CDS ou o BE. A este respeito, o ano tem duas partes. Na primeira metade do ano, a CDU subiu, mantendo-se estável desde Junho. Na segunda metade do ano, especialmente desde a crise política de Julho, o CDS desceu, perdendo cerca de 2 pontos. Curiosamente, o BE também desce desde essa altura.

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3. Os líderes dos partidos da oposição são aqueles cuja actuação é mais bem (ou menos mal) avaliada pelos eleitores. Até Julho, Portas também fazia parte desde grupo, mas a crise política puniu-o particularmente. A ligeira melhoria observada desde então não foi suficiente para que recuperasse a sua anterior posição. Pedro Passos Coelho situa-se a níveis muito baixos (3.3 numa escala de 0 a 20) e Cavaco Silva, apesar de alguma recuperação desde Julho, continua a ser o Presidente da República com pior avaliação pública desde que há dados recolhidos regularmente sobre este tema.

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4. Pedro Passos Coelho foi, de longe, o líder partidário que gerou maior buzz nas notícias online, nos blogues e no Twitter, ao que não será estranho, naturalmente, o seu cargo de Primeiro Ministro. A única concorrência que teve foi a de Paulo Portas, especialmente por altura da crise política de Julho. O domínio de Passos Coelho em termos de visibilidade é mais acentuado nas notícias e (especialmente) nos blogues do que na twittosfera, onde quer Portas quer Seguro têm comparativamente um destaque maior. Pelo contrário, na twittosfera e nos blogues, Jerónimo de Sousa, Catarina Martins e João Semedo são praticamente invisíveis, em comparação com algum buzz que, apesar de tudo, ainda vão tendo nas notícias (mas ainda assim deproporcionalmente menor em comparação com o peso eleitoral dos seus partidos).

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5. No início do ano, Pedro Passos Coelho concentrava as atenções negativas da twittosfera, lugar apenas brevemente contestado por António José Seguro em finais de Janeiro/inícios de Fevereiro, por altura do psicodrama à volta da disputa da liderança do PS por parte de António Costa. Desde Julho, contudo, Portas disputa com Passos Coelho a posição de líder partidário sobre o qual se fazem mais afirmações negativas no Twitter. Outra forma de ver algo parecido consiste em olhar para o rácio entre menções positivas e negativas, donde resulta, contudo, um quadro globalmente muito negativo para todos os líderes políticos excepto aqueles que são virtualmente ignorados neste meio, os do PCP e do BE.

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Eurosondagem, 5-10 Dez, N=1035, Tel.

Uma sondagem nova da Eurosondagem adicionada à base (assim como uma sondagem da Aximage de Outubro da qual só posteriormente encontrámos os resultados). Resultados da Eurosondagem:

PS: 36,5%
PSD: 26,5%
CDU: 10%
CDS-PP: 8,5%
BE: 6,5%

Deglutida e digerida pelo agregador de sondagens do POPSTAR, como fica a nossa estimativa? Pouco diferente do que era:

PS: 36,2%
PSD: 26,7%
CDU: 12%
CDS-PP: 7,4%
BE: 6,6%

Na avaliação da actuação dos líderes políticos, as nossas estimativas numa escala de 0 a 20:

Cavaco Silva: 6,3
Passos Coelho: 3,3
António José Seguro: 9,9
Paulo Portas: 6,1
Jerónimo de Sousa: 11,1
João Semedo e Catarina Martins: 9,6

Marktest,19-21 Nov, N=800, Tel.

Nova sondagem da Marktest, com intenções de voto e avaliações da actuação dos líderes políticos. Efeitos nos nossos resultados:

Intenções de voto:
PS: 36.6% (=)
PSD: 26.9% (-0.1)
CDU: 12.8% (+0.7)
CDS-PP: 7.1% (-0.5)
BE: 6.5% (=)

Avaliação da actuação dos líderes políticos (0-20):
Jerónimo de Sousa: 11.4 (+0.2)
João Semedo e Catarina Martins: 9.6 (+0.1)
A. J. Seguro: 9 (-0.2)
Paulo Portas: 6.5 (+0.2)
Cavaco Silva: 6.2 (+0.1)
Passos Coelho: 3.4 (+0.1)

POPSTAR, novo e melhorado

O POPSTAR tem funcionalidades novas:

1. Os gráficos podem agora ser vistos em detalhe, um de cada vez, como aqui. Isto é verdade para todos os gráficos.

2. Nos gráficos sobre buzz no Twitter, nas notícias online e nos blogues, assim como nos gráficos sobre sentimento sobre líderes políticos no Twitter, passa a ser possível escolher qual o smoother que queremos ver. Podemos ver o que tem sensibilidade média, e que é mostrado por defeito:

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O mais sensível, adequado para detectar tendências de curto prazo:
Screen shot 2013-11-26 at 12.34.01E o menos sensível, adequado para detectar tendências de longo prazo:
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3. Há um dashboard, que mostra os resultados mais recentes de cada um dos indicadores que oferecemos e respectivas tendências. Isto inclui buzz e sentimento para líderes políticos, avaliação da actuação dos líderes políticos em sondagens, e intenções de voto. No caso do buzz e do sentimento, os indicadores e tendências mostrados dizem respeito ao smoother mais sensível.

4. O link Dados está activado, permitindo a qualquer pessoa descarregar os dados que são mostrados no POPSTAR em formato .csv.

5. Em cada gráfico, há funcionalidades de partilha no Twitter e no Facebook, assim como de exportação do gráfico para ficheiro de imagem .svg.

6. E temos uma versão completa do site em inglês.